A LONGA VOLTA

Voltamos ao Brasil. Após 100 km de asfalto reto e vazio, estávamos em Boa Vista, onde ficamos alguns dias. O próximo destino foi Rorainópolis, a segunda maior cidade de Roraima, com 25 mil habitantes. De lá, ainda pela BR174, continuamos rumo sul. Descruzamos a linha do Equador, que havíamos cruzado em Macapá, para depois trafegar 122 km dentro da reserva indígena Waimiri-Atroari, onde 1252 índios vivem atualmente. Depois de algumas centenas de quilômetros, finalmente chegamos a Manaus. Essa coisa de cruzar e descruzar o Equador na mesma viagem traz um inconveniente. Na… Ler mais

FINALMENTE, A FLORESTA

Cruzamos o rio Corentyne e entramos na Guiana. Como no Suriname, continuamos dirigindo “do lado errado”. Mas depois de tantos dias assim, já não sabíamos qual era mesmo o lado certo. Na balsa conhecemos Adam, sujeito simpático e solitário. Saiu com sua moto da Inglaterra há 6 anos e nunca mais voltou. Anda pelo mundo, sozinho. Seguimos juntos viagem por alguns dias, atrapalhando sua solidão. Quis saber seu sentimento de nacionalidade, não soube responder. “Há muito deixei de ser inglês. Nada entrou no lugar. Não tenho nacionalidade.”, respondeu. O caminho de Corriverton… Ler mais

O PIOR NEGÓCIO DA HISTÓRIA

Dormimos em Saint Lauren du Maroni, na fronteira leste da Guiana Francesa. Logo nas primeiras horas do dia seguinte cruzamos de balsa o Rio Maroni, para chegar em Albina, já em território do Suriname, antiga Guiana Holandesa. A paisagem social mudou radicalmente. Voltamos aos trópicos. Mais pobre, mais sofrido, mais ingrato, mas, sem sombra de dúvida, mais interessante e autêntico que a infeliz colônia travestida de metrópole que deixamos para trás. Seguimos pelo litoral até a capital do Suriname. No caminho para Paramaribo se nota toda a influência não apenas dos holandeses,… Ler mais

ILES DU SALUT – o inferno no paraíso

Vinte minutos depois de embarcar num ferry, chegamos a Saint Georges, na outra margem do Rio Oiapoque. Sim, a Guiana Francesa existe! Estive lá. Brasileiros precisam de visto para entrar nesse “departamento extra-marinho francês”. Seguimos margeando o litoral até Cayenne, capital do país/departamento/colônia.  Cayenne é uma cidade bem comportada, que dorme cedo, sem favelas, sem crianças de rua, sem bêbados nos botecos, sem nem botecos. Alguns dias depois, tocamos em frente. Este é um lugar difícil de caracterizar. Parece não haver uma identidade local. Logo ao noroeste ficam as Antilhas e o mar… Ler mais

TRAFEGAR É PRECISO

Me lembro do espanto, quando ainda criança, ao descobrir que havia países na América do Sul onde a língua oficial era o francês, o holandês, o inglês.  Eram as três Guianas. Como assim? E o Tratado de Tordesilhas? Portugal e Espanha não haviam dividido o mundo ao meio? Como é que os franceses, holandeses e ingleses chegaram aqui? Até então imaginava a América do Sul como uma porção de pequenos países de língua espanhola cercando o Brasil. Por décadas essa foi uma questão difícil para mim. Me dei conta que não conhecia… Ler mais