MÉXICO
Na cidade de La Mesilla cruzamos nossa décima-segunda e última fronteira, antes de entrar nos Estados Unidos: Guatemala/México. Foi um momento importante para nós. Finalizamos a etapa centro-americana da viagem e iniciamos a terceira e última: América do Norte. Qualquer fronteira, seja ela de que natureza for, é sempre um espaço de tensões, diferenças, conflitos, transições. Nessa viagem cruzamos 12 fronteiras nacionais, gastando entre duas e três horas em cada uma com trâmites muitas vezes confusos e desnecessários. Os postos de fronteiras por onde passamos foram sempre um caos. Havia imigrantes, policiais,… Ler mais
GUATEMALA
Entramos na Guatemala por San Cristóban. Era ante-véspera de natal e a fronteira estava toda decorada com papais noeis, meninos jesus, reis magos e manjedouras para lá e para cá. Esse espírito parece que amoleceu nossos corações a ponto de nem nos importarmos com o velho conhecido processo de entrada/saída das fronteira centro-americanas. Queríamos passar o natal em um lugar tranquilo e bonito. Fomos para Antígua, que por dois séculos foi a capital de toda a centro-américa espanhola, até que um terremoto destruiu metade da cidade em 1717. A população que era… Ler mais
EL SALVADOR: O REGRESSO
Entramos pela segunda vez em El Salvador, desta vez de carro, em Goascorán. Os trâmites de fronteira foram a tortura de sempre. De lá seguimos para San Salvador, capital. Há não muito tempo, El Salvador foi palco de uma das mais longas e sangrentas guerras civis da América Latina, terminada em 1992. De um lado, a Frente Farabundo Marti de Libertação Nacional, uma coalizão de cinco milícias de esquerda. De outro, um governo militar apoiado, adivinhem por quem, pelos Estados Unidos. Entre os dois, 75 mil civis mortos nos anos 80. As… Ler mais
HONDURAS
Eram seis e meia da manhã quando saímos de Esteli. Ainda se viam alguns bêbados pela rua. Cem quilômetros adiante chegamos à fronteira no Paso El Espino. Estávamos apreensivos com relação à reação das autoridades de Honduras. Em Costa Rica encontramos um brasileiro radicado na Guatemala, descendo de carro para o Panamá. Disse que foi hostilizado em Honduras. O seu país está causando embaraços para o nosso, policiais hondurenhos disseram a ele na fronteira. Mesmo portando visto, teve que esperar oito horas na fronteira até ser liberada sua entrada. Era cedo e… Ler mais
NICARÁGUA
Chegamos tarde de volta a San José. Um pouco mal humorados com a situação vivida nos últimos dias. A princípio, ficaríamos alguns dias conhecendo a cidade, o Lago Arenal e seus vulvões ao redor; mas o mal humor modificou nossos planos. Pegamos a ONÇA e seguimos para a Nicarágua. Foram 290 quilômetros de estrada sem acostamento, cheia de caminhões lentos, pontes estreitas, até atingirmos a fronteira. O sol estava forte e a luz maravilhosa. À nossa direita, a cadeia de montanhas que percorre toda a América Central, à esquerda, de vez em… Ler mais
EL SALVADOR: A MISSÃO
O avião saiu no horário e depois de uma hora aterrizamos em San Salvador. O aeroporto fica no litoral e a cidade no pé das montanhas, a 47 quilômetros dali. Pegamos um taxi e às 8 e 45 estávamos na Embaixada de Honduras. Organizada, estremamente policiada e quase vazia. Preenchemos formulários de praxe, entregamos nossos passaportes e pagamos 30 dólares cada um a uma atendente num balcão. Depois de 30 minutos, recebemos os passaportes de volta com os vistos estampados. Válido por 30 dias para uma única entrada. Nem uma entrevista. Nem… Ler mais
COSTA RICA
Como de costume, cruzar a fronteira foi uma tarefa difícil, um exercício de paciência e perseverança. Estávamos em Paso Canoa, cidade fronteiriça entre o Panamá e a Costa Rica. Uma pequena multidão de pessoas se aglomerava do lado panamenho, tentando atravessar. Ônibus chegavam a todo momento. Carros, motos, taxis, pessoas vindas a pé, chegando, chegando, chegando. Dezenas, talvez centenas de caminhões faziam fila para inspeção. Um garoto veio conversar e não se desgrudou de nós um só minuto nas mais de duas horas que passamos na fronteira. O menino nos levou de… Ler mais
PANAMÁ
Voamos de Quito para a Cidade do Panamá, onde chegamos tarde da noite. Não havia transporte público para o centro da cidade, que fica 30 quilômetros distante. Não havia informações. Conversamos com um policial que nos indicou um senhor para nos levar para o centro em seu próprio carro, por 30 dólares. Oferecemos 25 e ele aceitou. Viemos por caminhos escuros, periferia brava da cidade. Por alguns momentos pensamos que estávamos sendo sequestrados, levados para um terreno baldio, onde o pior estava para acontecer. Foi um enorme susto. Juramos que nunca mais… Ler mais
EQUADOR
Entramos no Equador pela cidade de Huaquillas. Os trâmites foram difíceis. A primeira dificuldade foi encontrar a Aduana. Entramos pela “ponte nova”, vindos de Zurumilla, no Peru. Mas a Aduana fica na “ponte velha”. Foram horas de desacerto procurando essa ponte. Não havia uma placa sequer indicando um lugar tão obviamente procurado. Conversamos com muita gente atenciosa nas ruas, pedindo informações. Mas a comunicação estava particularmente difícil naquele dia. Não falamos espanhol com fluência, nem o pessoal aqui entende português. Mas, além da barreira do idioma, tem outras dificuldades que às vezes… Ler mais
PERU
Não adiantou chegar cedo à fronteira Arica (Chile) / Concordia (Peru). O expediente só abria às 8 horas. A passagem consumiu exatas duas horas e trinta e cinco minutos. Do lado chileno foram apenas dois carimbos. Mas, do lado peruano ganhamos oito carimbadas diferentes em nossos papéis. Tivemos que tratar com agentes da aduana, do exército, da agricultura, da saúde, do trânsito, etc. O que mais demorou foi retirar todas as caixas da caçamba e passá-las por um escâner que ficava em um prédio longe do estacionamento. Depois, nos fizeram abrir as… Ler mais
CHILE
Entramos no Chile, vindos de San Antônio de los Cobres, pelo Paso de Sico, fronteira um pouco acima de quatro mil metros de altitude. Caminho de rípia. Não há controle aduaneiro do lado chileno. Apenas uma placa cruzando a estrada nos atesta que entramos em outro país. A paisagem continua a mesma. Estamos no deserto do Atacama, o lugar mais seco do planeta, onde o solo é praticamente estéril devido à baixíssima umidade. Dentro da ONÇA, o higrômetro marcava 10% de umidade relativa do ar. Do altiplano sobressaem montanhas e vulcões por… Ler mais
ARGENTINA
Em Foz do Iguaçu cruzamos a fronteira com a Argentina, trocamos reais por pesos a 2:1 e entramos na terra de Maradona. Nossa expectativa era uma rigorosa inspeção na aduana, guardas, exigências de cambão, dois triângulos, caixa de primeiros socorros, seguro contra terceiros e tantas outras coisas que oficialmente são exigidas de turistas estrangeiros para transitar por aqui. Que nada! O guarda da aduana nem olhou na nossa cara. Inspecionou o passaporte, carimbou e “buena viaje”. Não durou um minuto esse processo. Foi um pouco frustrante. Nossa primeira fronteira… fizemos a lição… Ler mais
FOMOS
Sexta-feira, 18 horas, fim de expediente. Finalmente cumprimos nosso último compromisso de trabalho antes da viagem. Agora serão 60 dias de estrada pela frente. Ao chegar em casa a ONÇA estava lá, na garagem, preparada, com toda nossa bagagem, só faltou abrir as portas e nos engolir. Durante a noite foi difícil dormir. Aliás, não dormimos nada. Ficou passando um filme, mostrando a preparação da viagem numa cronologia confusa. As primeiras idéias, os trâmites para embarcar a ONÇA no Equador, a situação política em Honduras, os cuidados com a altitude no Peru,… Ler mais
VAMOS PARA OS EUA DE CARRO…
– Vamos tirar férias? – Sim. – Vamos para os Estados Unidos? – Sim! – Com a ONÇA? – SIM!!! Claro. Foi assim que a idéia surgiu. Brotou. Espontânea. Óbvia. Cada um faz o que quer (e o que pode) no seu tempo livre. Nós, juntando daqui, juntando dali, conseguimos reunir dois meses de férias para a viagem. Se o critério fosse viajar com segurança, conforto, rapidez e economia, teríamos ido de avião, como todo mundo. Mas, viajar para os Estados Unidos era só um pretexto para conhecermos lugares, pessoas e costumes;… Ler mais
COMO A COISA CONTINUOU
Recém chegados ao mundo off-road, começamos nosso aprendizado fazendo os fundamentos do fora-da-estrada na região sudese: incontáveis trilhas pelas serras da Mantiqueira, Bocaina, Canastra e também pelo Pantanal Matogrossense. Foi assim que começamos a lidar com o guincho, o macaco hi-lift, o cambão, a reduzida, o bloqueio de diferencial, o rádio VHF, a areia, a rocha, o cascalho, a lama, a transposição de riachos, as valas, os facões, os aclives acentuados, os declives, as inclinações laterais, as técnicas de ancoragem, a patesca, os pneus mud, os faróis auxiliares, a geladeira portátil, os… Ler mais
COMO A COISA COMEÇOU
Durante uma década, a Rita e eu sonhamos construir uma casa de campo, nem tão longe, nem tão perto, para fugir de Campinas nos finais de semana. Quando finalmente conseguimos um terreno e algum dinheiro para o projeto surgiu um problema. O lugar era muito complicado. Para chegar onde seria nossa casa tínhamos que transpor uma pirambeira de terra na encosta de um morro, que quando chovia muito era intransitável pra um carro normal, desses que gente comum tem pra trabalhar, levar menino na escola, visitar os amigos. Mas sonho é sonho…. Ler mais
DEDICATÓRIA
Esta viagem foi dedicada a Aimberê, Guayxará, Tupac Amaru, Atahualpa, Montezuma, Emiliano Zapata, Gregório Bezerra, Zumbi de Palmares, Anita Garibaldi, Salvador Allende, Augusto César Sandino, Joaquim José da Silva Xavier, Ernesto Che Guevara, Dinalva Oliveira Teixeira, John Christopher Brown, Luiz Gonzada das Virgens, Oswaldo Orlando da Costa, João de Deus, Agustin Farabundo Martí Rodrigues, Ana Romana, Líbero Castiglia, Domingas Maria do Nascimento, José Brigg, Cristiano Cordeiro, Simon Bolívar, José de San Martín, José Gervásio Artigas, Miguel Hidalgo y Costilla, David Capistrano da Costa, Marín Iquin, Antônio José Sucre, Maurício Gabrois, Camilo Cienfuegos, Haydeé Santamaría, Carlos Mariguella, Pancho Villa, José… Ler mais